Sunday, November 18, 2007

Móveis Coloniais de onde?

18.11.07

A história começa assim: lá pelos idos do século XVII, a Ilha do Bananal, que fica no Tocantins, era uma colônia inglesa. Acontece que na ilha, que é a maior ilha fluvial do mundo, os ingleses estavam usando a mão-de-obra indígena para produzir móveis de acaju. Acaju é uma madeira vermelha, muito bonita.
Bem, quem não estava feliz com essa história eram os portugueses, que não achavam legal os ingleses terem uma colônia dentro da colônia deles, e ainda ganharem dinheiro com isso (os móveis de acaju eram um sucesso!).
Foi aí que, pela primeira e única vez na história do nosso país, portugueses e índios se uniram por uma causa, expulsar os ingleses. Estava armada a Revolta do Acaju, onde todos os móveis foram queimados e destruídos, e os ingleses expulsos. Pode pesquisar no Google que é (quase) tudo verdade...
Uns trezentos anos depois, dez moços, residentes em Brasília, mas oriundos de diversas partes do Brasil e do mundo resolveram homenagear os móveis da colônia através de música. Estava formado o Móveis Coloniais de Acaju, uma banda de polka ska jazz bossa mais rock. O nome não poderia ser melhor. Tal qual os móveis do século XVII, o produto que a banda oferece é da maior qualidade e também é um sucesso.
Os calangos passaram por Curitiba na última sexta, dia 16, e, juntamente com Capitão Sete e Los Diaños, esquentaram o feriado da terra fria no Jokers Pub Café. Mas quem vai contar essa história pra gente é o mais novo colaborador do máquecousa, Tião Francis.
Tião foi tão preciso em seus apontamentos que conquistou instantaneamente o direito de se expressar nesse blog. Espero que gostem e comentem!


Os imperdíveis apontamentos de Tião Francis

Por: Tião Francis
Fotos: Carla Andraus


Eu me apresento pela primeira vez, sebasTião Francis, já tendo que escrever de três! É, nada é fácil nessa vida, ainda mais sabendo que terei a dura tarefa de “desancar” alguém. Sabe o que é desancar??!! Não, né?! Mas tudo bem, você já vai entender...

A noite começa no Jokers Pub Café. Existe uma máquina de café no bar, existe um balcão e até um sino de pub, portanto a propaganda não é enganosa. São três bandas e a primeira é Capitão Sete.
Eu poderia pular essa parte, mas já que sou bem pago para fazer meus imperdíveis apontamentos, vamos lá...

Encontrei um amigo (de uma banda da cidade) que avisou que o show já havia começado, perguntei se era bom, mesmo já conhecendo, ele afirmou categórico: “Legal a história de tocar uniformizado, mas o som é ruim e o vocalista pior ainda...”
Sim, eu já sabia, mas fui conferir assim mesmo. Confirmei as palavras do meu amigo, som ruim, vocalista pior ainda e o uniforme era bem feio... Mesmo que alguns fãs, aqueles que ficam bem pertinho do palco, estivessem gostando bastante, o show não empolgou muita gente, apesar de terem usado um “golpe baixo”, uma bela canção do grande Tim Maia, de sua fase Racional! Boa música, banda errada! E assim fecho a cortina para o Capitão Sete!!

Parto para a próxima banda, Los Diaños, deles espero mais, pois em outras oportunidades presenciei boas apresentações!
Realmente o show é melhor e pega a platéia já querendo sentir algo diferente, mesmo que, como banda curitibana, ainda exista uma divisão bem clara entre banda e platéia, um não pode interagir com o outro sob pena de cometer algum pecado sonoro, se é que isso existe! Mas os caras “representam” no seu estilo musical e um baixo acústico sempre chama a atenção, ainda mais quando é bem conduzido... Boa cozinha, bons músicos e gravatas, é claro! Gravatas sempre ficam bem no palco, mas vou fazer o que? Quero ver a atração principal e sou obrigado a fechar a cortina para Los Diaños.

Sim, sim, finalmente chega a hora tão esperada por muitos (principalmente pelas menininhas em frente ao palco), a banda Móveis Colonias de Acaju, acaba de subir ao palco. Boas bandas começam pelo nome, ele pode ser tão ruim que vc nunca esquece ou curioso o bastante para chamar a atenção antes da música. É esse o caso, nunca ouvi a banda, mas sempre quis ouvir, devido ao singelo nome em questão: Móveis Coloniais de Acaju, o que é isso companheiro? Gostei!
Festa, essa é a palavra que mais combina com essa banda. Os caras realmente fazem a festa, é muita presença de palco, principalmente do vocalista da banda. Antes dos shows começarem, eu tinha visto um cara com um cabelo bem legal, com jeito de cabelo de vocalista de banda (hahaha) e comentei com um amigo: - esse cara só pode ser da banda... E ele canta muito, é magrinho, tem uma voz grave, marcante e com poder. Daquele tipo, mais voz que corpo!
No começo o que mais chamou a atenção, foi a “presença” de palco dos caras e olha que eles são muitos (10!!!!! no total), todos participam de uma certa correria ensaiada no palco, em que os músicos ficam trocando de lugar entre si, sem parar e a platéia cai na festa. As músicas possuem um ritmo vibrante, todas, mesmo as chamadas (pela própria banda) românticas e é aí que mora o segredo: A linha de baixo (Fábio Pedroza) é muito bem conduzida junto com o ponto forte da banda, a bateria! Ponto forte, pois, segundo a própria banda eles fazem uma mistura de Ska e Rock e se os metais, vocal e guitarra zelam pelo Ska, é na poderosa batida de Renato Rojas (o feliz condutor do par de baquetas) que a parte Rock surge com maior vigor, e põe vigor nisso! E põe ritmo nisso! Além de ter um bumbo de poder (esse cara tem o pé de chumbo) sua condução dá um peso à banda que ela certamente não teria sem essa bateria!
E o vocalista, André Gonzáles, esse é um caso à parte! O cara manja da arte de estabelecer “relações” com a platéia, hahaha, mas é isso mesmo! Ele tem a moral e usa a seu favor, colocando o povo para dançar, bater palmas, pular, tudo na hora em que quer e com pouco esforço!! E olha que estamos falando do “famoso” público frio de Curitiba!! Mas além das já citadas “menininhas da frente do palco”, que sabiam todas as letras e cantavam junto, o bar inteiro dançou, cantou e pulou, talvez não nessa ordem, mas com muita intensidade.
Eu não poderia deixar passar o lado meio ”novo hippie ou BG” dos caras, tipo essa “nova/velha” onda pseudo política, universitária, largada, de barba, não estou nem aí para o sucesso e tal... Porém, incrivelmente, dessa vez isso não atrapalhou em nada e se os caras já foram citados como sucessores dos tais Hermanos, posso afirmar que eles não possuem um parentesco tão de primeiro grau assim, acho que vão mais longe impulsionados pelas mãos de Renato e pela voz de André. Grande show!!

Sim, sim, não vou esquecer, para o Móveis... Eu abro a cortina!

15 comments:

mutantes no país dos baurets said...

Excelente!
Concordo com tudo, em gênero, número e grau!
Se eu conseguisse escrever um texto coerente, seria assim.
Parabéns Tião.
Parabéns Má.
E parabens pra Carlitcha!
eeeeee

Anonymous said...

Tião, que não é bobo nem nada, agradece o elogio...

Má Mosol said...

Obrigada Ju!! Obrigada Tião! Parabéns pra nós!

Carla Andraus said...

tá bom, tá bom.. eu sou uma das menininhas que ficou colada no palco e sabia todas as letras de cor, Tião!

;)

tudo tudo do caralho... Parabéns pra todos que temos bom gosto musical!

=D

Má Mosol said...

Dá-lhe Carlinha!

Anonymous said...

Sinceramente, adorei seu texto Tião! Os Móveis, como chamamos carinhosamente aqui em Brasília, são o máximo! Sempre nos divertimos muito nos shows! Acho que a tradução da banda é "alegria". As baquetas do Renato Rojas (Tato para os íntimos)dão o ritmo dessa emoção. E o André... O André é louco, cara! Aqui na Capital Federal eles já são famosos. No Porão do Rock tinha banda famosa tocando e a galera só pedia Móveis!
Analu (jornalista, fã dos Móveis)

Má Mosol said...

Que máximo, Analu! O Tião vai adorar seu comentário. Obrigada pela visita, volte sempre!!

Anonymous said...

Senhorita Analu,
além de boa música, uma das coisas que esse seu criado, Tião Francis, gosta é sinceridade!
Ainda mais acompanhada da frase "adorei seu texto"...
Muita diversão para você na Capital Federal!

Ana Carla said...

excelente texto! :)

Unknown said...

Caro Tião (que intimidade), gostei muito da sua matéria sobre MCA - Móveis Coloniais de Acajú, conheço essa Banda desde o seu inicio e sempre achei que os meninos tinham muito carisma, de fato no palco eles são uma uma alegría pura que contagia a todos os presentes.
Para finalizar agradeço as suas sinceras palavras quando se dirije ao batera Renato Rojas, esse rapaz além de ótimo baterista é um ótimo filho.
Hernán Rojas

Má Mosol said...

Seu Hernán, é um prazer recebê-lo no máquecousa. Já transmiti seu comentário para o Tião, que certamente vai ficar muito satisfeito. Obrigada e apareça sempre!!

Anonymous said...

Querido Hernán (isso sim é intimidade!!), grato pelo elogio e por frequentar o blog de minha encantadora amiga, Má Mosol.
Abraço cordial de Tião Francis.

Anonymous said...

Meus caros Tião e Má Mosol haverá show hoje do Móveis em BSB no campus universitário de onde 8 dos 10 integrantes se formaram, um deles o Léo se encontra estudando Economia em Harvard-USA com Bolsa dessa prestigiosa Instituição.
A Banda possui 3 integrantes formados em Desenho Industrial e/ou Gráfico André, Borém e Renato, 2 em Biologia Beto e Xande, 1 Antropólogo Fábio, 2 Economistas Léo e BC-Bruno César e 2 em Música Paulo e Esdras.
Na Banda se falam 4 idiomas fluentemente além do português: espanhol, inglês,italiano e francês.Um fato nunca mencionado por nenhum deles por modéstia, acho eu.
Sempre considerei importante demonstrar o que eles são, assim como muitos outros jovens de Brasília que são julgados "filhinhos de papai" e pagam o preço pelos erros que alguns jovens da cidade cometem.

Vcs. estarão acompanhando o evento??
Para vc. e "sua encantadora amiga" Má Mosol, aquele abraço!!!!
Hernán Rojas

Má Mosol said...

Caro Hernán,

Mesmo conversando brevemente com os rapazes é notório o nível de cultura e educação que eles tem, além do amor que todos nutrem pelas artes e, logicamente, pelo Móveis. É esse "tempero" que faz a banda ser tão agradável aos ouvidos da platéia!
Infelizmente estamos deveras longe do evento... mas se estivesse ao nosso alcance, eu e Tião estaríamos na primeira fila nos divertindo com a "bagunça" dos meninos no palco!

Um abraço de longo alcance!!

Anonymous said...

Obrigado por Blog intiresny

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